O que poderia parecer uma convenção do regime iraniano, afegão, norte coreano, russo… é na verdade uma prática do país da liberdade de expressão: os Estados Unidos.
Vem isto a propósito do cancelamento (como esta palavra me irrita!) do programa de Stephen Colbert e, mais recentemente, de Jimmy Kimmel.
Mas não só.
Vem também a propósito da prática anterior, a cultura WOKE, onde era igualmente apontado, discriminado e vilipendiado nas redes sociais quem não estivesse alinhado com o politicamente correcto.
Num caso como noutro, o efeito é o mesmo: quem se atreve a incomodar o poder, arrisca perder a voz.
Mas, com isto, não perde apenas o protagonista, perdemos todos.
Ficamos mais pobres, mais cinzentos, mais receosos.
Evita-se o risco, cala-se o que está errado, sufoca-se a criatividade.
Isso nota-se no humor — fazer piadas hoje é quase um desporto radical — mas também no cinema, na televisão, na literatura, na pintura e, inevitavelmente, na publicidade.
A publicidade é espelho da sociedade, e a nossa sociedade, ao contrário do que defendiam os WOKEs, está hoje menos tolerante à diferença, tal como está menos livre, ao contrário do que pregam os MAGAs.
Sem risco, não há provocação.
Sem provocação, não há boa comunicação, seja no humor, na arte ou na publicidade.
Nos Estados Unidos já se fala da ameaça à Primeira Emenda — o princípio constitucional que defende a liberdade de expressão, mesmo quando o que se diz é uma estupidez.
Concordo, por isso, partilho aqui uma de quando se podia dizer e fazer boçalidades sem correr o risco do cancelamento ou processos da Sociedade Protectora do Rato Almiscarado.
