Spoiler Alert: não vou falar da castanha, nem da Control. Só da minhoca.
A minhoca que é hoje a melhor metáfora da publicidade e da comunicação, logo, da sociedade em geral, uma vez que as primeiras são reflexo da segunda. Senão vejamos:
A minhoca é um invertebrado, ou seja, um ser capaz de se contorcer para o lado que lhe dá mais jeito e traz mais vantagens. Não tem, pois, uma coluna vertebral nos vários sentidos do termo.
A minhoca é hermafrodita, não pendendo (bom verbo para escrever sobre minhocas!) para o lado masculino nem para o feminino. Isso coloca-a numa almejada minoria, o que agrada certamente à malta do politicamente correcto e poderia ser perfeito, não fosse o facto de ser incapaz de se reproduzir sozinha.
É também um detritívoro, ou seja, um ser que se alimenta de detritos, neste caso de vegetais, outra boa metáfora para descrever alguns dos protagonistas desta história…
A minhoca é um cilindro com um cérebro mínimo, a boca numa ponta e o ânus na outra, por onde encaminha os detritos, expelidos, depois, como mais detritos. (Ao contrário da ostra, por exemplo, igualmente viscosa, mas capaz de produzir beleza – e com isto se vê que não escrevo sobre a aparência dos seres. Apenas o resultado do seu desempenho).
A minhoca é, finalmente, um ser subterrâneo, que vive em sítios escuros e húmidos, como o X.
Faz falta porque processa detritos e serve de alimento a outros seres. Mas não tem graça, elegância, alma, carisma, …
A minhoca pode ser a publicidade e a comunicação invertebrada, hermafrodita, detrítivora, subterrânea e húmida que a sociedade moralista, bem comportada e sem sal, que temos hoje, exige e tolera.
Ou pode erguer-se (calma!) e mostrar ao mundo do que é capaz.
Deixo três coisas interessantes com minhocas.
Um filme da microsoft que deve, provavelmente, ofender o público dos direitos dos animais:
Um da Media Mark que deve ofender os amantes da natureza:
E um podcast que deve ofender todos os outros: Bruno Nogueira – Isto não se diz
Minhocas do mundo erguei-vos, pois, contra os c**inhas.