É, mais ou menos, como diz o poeta: a revolução está a acontecer e será televisionada. E estou apenas a querer falar-vos de publicidade, mais concretamente, de publicidade a automóveis.
Já lá vai o tempo — muito, infelizmente — em que era um dos mercados mais interessantes e inteligentes a comunicar. Grandes ideias em grandes marcas! coisa que já não se vê.
Agora a moda são os planos bonitos da cava das rodas, em estradas bonitas, em dias bonitos, com o reflexo bonito da natureza (baixas emissões) ou prédios de uma cidade com um design bonito (status) e um “por apenas XXX€ /mês” num tipo de letra elegante para fechar. Tudo muito bonito, e uma grande banalidade.
Ora, quando a tendência parecia estabelecida, surge, subitamente, a campanha “The Revolution Has Begun”, da BETC Paris para os eléctricos da Citroen, ( sim! leu bem: da C-I-T-R-O-E-N!).
Finalmente uma marca que arrisca sair do básico e funcional, para criar uma história inteligente, bem disposta e que nos conquista.
O francês underdog vem partir a loiça e estragar a festa dos elitistas alemães, suecos e ingleses snobs e vai à grande revolução popular buscar o insight e a história, brilhantemente filmada e cantada. Tudo bate certinho com a marca e o que tem para nos dar. É um prazer.
Marcas que comunicam com esta autenticidade e inteligência, ganham sucesso e clientes. Eu, por exemplo, que nesta coisas alinho pelos snobs, fiquei fã e estou aqui a fazer espontaneamente o “partilhe nas suas redes” que as outras marcas pedem e eu não faço.
A Citroen dizer “Há demasiado tempo que os carros elétricos são do domínio exclusivo dos ultra-ricos ou dos eco-virtuosos, com preços muito além do alcance das pessoas comuns.” é bom marketing. Fazer disso a nova revolução francesa com jacobinos a roubarem a viatura às elites, é publicidade como deve ser.
Ser publicitário é ser revolucionário e provocador. É querer mudar mentalidades e o status quo.
O politicamente correcto, o google, os programatics e a performance dos banners sem conteúdos, para além de clichés, matam marcas. Faltam mais pedradas no charco.
Vive la révolution. Vive.
(E pronto, lá vai andar o google e a nsa atrás de mim)